domingo, 27 de março de 2011

O que eu não entendo!

Os meus vizinhos são-paulinos estão em um estado de felicidade descomunal! Praticamente em êxtase ou catarse! Eu, ingenuamente, até pensei que a fome havia sido erradicada do planeta ou que a paz mundia finalmente houvesse chegado. Mas, não é nada disso. Foi só o São Paulo que, sei lá depois de quantos anos, finalmente conseguiu ganhar um jogo do Corinthians! Aí, eu fico pensando, aqui com os botões do teclado do meu PC, como é estranha a relação sociol-cultural entre brasileiros e futebol. Logo eu, uma corinthiana que foi uma única vez a um estádio e que atualmente não sabe o nome nem do técnico de seu time do coração, uma vez que está sempre atenta a assuntos aparentemente mais urgentes do que 22 homens (são 22, não é mesmo?!) se degladiando por conta de uma pelota...                                                                                                                    
Não quero menosprezar o esporte número um do país, motivo de orgulho da massa, essa mesma massa que na sua maioria adora gritar aos quatro cantos que não gosta de política, mas planeja fazer manifestações contra a contratação de jogadores pelo seu time ou que não é capaz de se unir e tentar resolver os problemas de sua comunidade, todavia estão todos de braços dados para derrubar o presidente do clube.            
O que eu não entendo é tamanho impenho em relação ao futebol e tanta abstração, quando o assunto é o mundo real? Sim, senhoras e senhores! O mundo real vai muito além dos 90 minutos sobre o gramado ao som dos cantos e ofensas de duas torcidas. Ou melhor, dos cantos e ofensas dos membros dessas que tiveram dinheiro para comprar os ingressos cada vez mais caros para assistir aos jogos, além de se exporem a possíveis manifestações de violência dos torcedores do time adversário. Já que o Estado não consegue garantir a nossa segurança! Fora isso, ainda tem a verdadeira máfia que está se estabelecendo em relação à transmissão dos jogos para a TV. Ou todo mundo acha aceitável o horário dos jogos das noites de quarta-feira - dia útil - ou seja, quase todo mundo trabalha normalmente no dia seguinte, ficarem sujeitos ao horário de termino de um reality show?                                                                                              
Quantos século já se passaram após a queda do Império Romano e a política panis et circenses continua sendo usada de maneira aterradora? E o pior é que ninguém parece perceber. Por favor, não entendam essa crítica como coisa de quem estava torcendo pelo time que perdeu! Muito pelo contrário, o que realmente me incomoda nessa história toda não é escutar as manifestações de alegria dos meus vizinhos pela vitória do São Paulo ou todas as condecorações de heroísmo ao golero do clube (atleta que eu em particular não simpatizo nem um pouco), mas essa mania que grande parte de nós parece carregar desde o ventre materno de só nos unirmos por coisas pequenas e nos contemtarmos com menos do que o estritamente necessário para tentarmos sobreviver, pelo menos por mais uma semana e assim, podermos assisitir ao próximo jogo.                   
Quanto ao futebol e principalmente ao clássico de hoje, eu poderia lembrar aqui da história da chamada “Democracia Corinthiana” (uma das minhas favoritas), movimento liderado por Sócrates - não o filósofo, mas o médico - e Walter Casagrande JR em meados dos anos 80, em plena ditadura militar no Brasil, no entanto essa vai ficar para outro dia; por enquanto vamos ficar com as ilusórias manifestações são-paulinas de alegria nesse fim de domigo, uma vez que daqui a pouco já é segunda-feira e o mundo real bate a porta... (CM, 27 de Mar 2011, Outono)

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