domingo, 13 de março de 2011

Mais uma vez Caio F, ou me escuta Zezim...

       Hoje, acordei abrindo as janelas e dando bom dia ao mundo. Talvez seja essa apenas uma maneira de disfarçar o desespero e o caos interior, ou quem sabe, um modo de salvação. Bebi café, companheiro de momentos indizíveis e comi morangos, não mofados, mas vermelho sangue, bolo de chocolate e medos particulares. Ouvi Led Zeppelin e Janes Joplin, como não fazia há muito tempo. Sinto-me uma criatura de três mil anos em um corpo de trinta. Carrego comigo todas as culpas do mundo e uma piedade infinita pela raça a qual apesar de tudo ainda pertenço. Você, desejo pífio, está vagando pelo mesmo mundo que eu agora, mas por mais que tente não consigo mais avista-lo. Quando foi que o tudo se transformou em tão pouco? Onde estávamos para permitir o definitivamente banal? Que merda está acontecendo agora? Perdemos a direção dos olhares que nos iluminavam e ao mesmo tempo nos devorava.
No entanto, fazia parte de um elo que éramos nos dois. Mesmo sem palavras, trocas ou juras. Existia nos dois. Perdidos entre cães raivosos e respeitáveis contribuintes da hipocrisia universal. Resistíamos nos dois, com nossa pequena grande história ainda não vivida, mas largamente ensaiada. E por fim, mal resolvida. Em meio há senhoras amantíssimas e senhores aparentemente corretos por demais. Em um covil de lobos mal comidos, com corpos enferrujados e corações embalsamados. Fomos proibidos de amar, pois nada ofende mais a esta gente do que o brilho do desejo qual eles não podem conter. A gana de trepar, de foder, de gritar, de gozar, de viver.
A lucidez plena, a libertação total. Mas, seu medo foi maior do que tudo o que um dia me contou com o olhar. Então, fico tentando juntar peças de um quebra cabeças que é só meu. Procuro poesia em meio à lama e aos excrementos que recebo todos os dias vindos da normalidade condicionada. Olho para estas pessoas e não consigo gritar, sinto pena e esta é minha maldição. Ainda me choco e me revolto e ao perceber isto estou mais forte, pois eles não conseguiram destruir a minha alma. Ainda há luz para nos salvar criança.
Assim, não me arrependo de mais nada e não julgo a ti, pois só assim poderei partir sem temores, afinal. Segura a minha mão e não olha para trás. Se todos vão virar sal, apague da sua mente os pecados que não são mais nossos e escape por nós. ... (C.M, 2008, Primavera).

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