quinta-feira, 31 de março de 2011

TPM literária...


Eu quero ir para Pasárgada, para o Asteroide B612, para a Terra do Nunca, para Tatipurun, para trás da Serra do Mim, para Macondo ou Jesusalém. Quero asas bem grandes mesmo que sejam como as de Ícaro, só não quero mais ficar aqui, como um velho marca páginas perdido para sempre dentro de um Dostoiévski inacabado... (C.M, 31 Mar 2011, Outono)

domingo, 27 de março de 2011

Mais de 100 coisas sobre mim

1.      Sou a filha mais velha de um casal que se amou muito durante 26 anos.
2.      Nasci em plena ditadura militar (em 1977).
3.      Tenho uma irmã que é professora de História.
4.      Nasci e sempre morei em São Paulo.
5.      Meu pai é a pessoa mais importante da minha vida.
6.      Minha mãe foi à pessoa mais forte que eu já conheci.
7.      Minha mãe faleceu em decorrência de um câncer.
8.      Sou espírita, mas mesmo assim tenho medo da morte.
9.      Sou vegetariana há mais de cinco anos.
10.  Apesar de falar pelos cotovelos sou incrivelmente tímida.
11.  Perdi as contas de quantas vezes já prestei vestibular na vida.
12.  Estudo Letras (Português/Espanhol).
13.  Quero ser especialista em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa e Literatura Angolana.
14.  Um dia eu vou conhecer Luanda.
15.  Sou professora por opção e por vocação.
16.  Fui alfabetizado por meu pai.
17.  Acredito na pedagogia Freiriana.
18.  Minha professora inesquecível chamava-se Nireuda e era professora de Artes.
19.  Não quero ser rica.
20.  Quero ter pelo menos dois filhos paridos e mais alguns adotivos.
21.  Tenho duas afilhadas, mas nunca fui católica.
22.  Adoro animais, principalmente gatos.
23.  Não mato insetos propositalmente.
24.  Detesto cigarro.
25.  Vezenquando gosto de tomar banho de chuva.
26.  Adoro dias de sol.
27.  Fico melancólica em dias cinzentos.
28.  Gosto de Rock e MPB.
29.  Não sei tocar nenhum instrumento.
30.  Não sei cantar ou dançar, mas adoro música.
31.  Não faria um aborto, mas não sei se sou totalmente contra.
32.  Sempre voto contra o PSDB.
33.  Tenho pelo menos três melhores amigas.
34.  Tenho um melhor amigo.
35.  Tenho muitos amigos gays.
36.  Tenho muitos amigos e amo todos eles.
37.  Amizade para mim é a coisa mais importante da vida.
38.  Sofro muito quando perco um amigo.
39.  Nunca me apaixonei por um amigo.
40.  Alguns amigos já se apaixonaram por mim.
41.  Já tive vários amores platônicos.
42.  Tenho medo de me apaixonar.
43.  Tenho medo de nunca mais amar ninguém.
44.  Sinceramente, prefiro levar um fora a dar um.
45.  Tenho pavor de solidão.
46.  Não sou triste, mas às vezes preciso ficar sozinha e chorar.
47.  Vezenquando preciso chorar no ombro de alguém.
48.  Quando preciso mesmo de colo eu acabo pedindo.
49.  Sou uma pessoa muito contraditória.
50.  Gosto de homens inteligentes.
51.  Gosto de homens que não sintam vergonha de se apaixonar.
52.  Sempre me apaixono por homens mais confusos do que eu.
53.  Até o ano passado (2011) eu só entrava no MSN off-line.
54.  Amo sorvete de passas ao rum e pistache.
55.  Adoro sonho de padaria.
56.  Adoro o café do meu pai.
57.  Gosto muito de pão com manteiga.
58.  Gosto de brigadeiro de colher.
59.  Já fiquei com um poeta argentino.
60.  Já escrevi cartas e e-mails que não foram enviados.
61.  Saudades é o pior sentimento do mundo.
62.   Fico vermelha quando estou com vergonha.
63.  Tremo sempre naturalmente.
64.  Gosto de dormir de conchinha.
65.  Adoro tomar banho de mar.
66.  Adoro tomar banho de cachoeira.
67.  A primeira praia que vi na vida foi a do Arrastão em São Sebastião.
68.  O primeiro livro que li chamava-se O ovo.
69.  Adoro ler, ler, ler, ler muito.
70.  Meu primeiro amor foi aos 09 anos e chamava-se Eduardo.
71.  Meu primeiro beijo (válido) foi aos 15 com um garoto do teatro.
72.  Minha banda favorita na verdade são quatro: Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii, Cordel do Fogo Encantado e Los Hermanos.
73.  Sou Corintiana.
74.  Quase não assisto TV.
75.  Passo muito tempo na internet.
76.  Tenho um diário.
77.  Consulto horóscopo.
78.  Sou taurina do primeiro decanato.
79.  Sabia ler tarô.
80.  Sou uma mulher de fases (uma mistura da lua com Picasso).
81.  Adoro abraço.
82.  Amo cinema.
83.  Gosto muito de arte, mas não tenho muito talento para esse tipo de coisa.
84.  Gosto de abraçar alguma coisa (como uma almofada ou um bicho de pelúcia) quando estou desabafando.
85.  Gosto de conversar por horas com amigos em botecos.
86.  Bebo.
87.  Gosto de personalidades caóticas como, Renato Russo, Cazuza, Caio Fernando Abreu e Ana Cristina Cesar.
88.  Já fiz teatro.
89.  Meus poetas favoritos são: Vinícius de Moraes, Ferreira Gullar, Mário Quintana,, Manuel Bandeira, João Cabral e Pablo Neruda.
90.  Meus prosadores favoritos são: Caio Fernando Abreu, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Ondjaki e Machado de Assis.
91.  Meu livro favorito é O menino maluquinho.
92.  Vou ter uma filha chamada Nina.
93.  Ainda vou ter um labrador chamado Sagarana.
94.  Gosto de cozinhar.
95.  Falo palavrões e gírias.
96.  Sempre acordo meu pai quando chego em casa a noite.
97.  Sempre digo “eu te amo” para o meu pai e para meus amigos.
98.  Dificilmente fico doente.
99.  Não tomo remédios.
100.                     Sou otimista.
101.                     As pessoas me acham uma pessoa forte.
102.                     As pessoas muitas vezes me contam seus segredos.
103.                     Eu tenho dificuldade em me abrir com os outros.
104.                      Gosto de queimar incenso.
105.                     Gosto de noite de lua cheia.
106.                     Gosto de olhar para o céu quando está estrelado.
107.                     Gosto de chorar no cinema.
108.                     Adoro caminhar sem rumo.
109.                     Gosto de listas.
110.                     Minha cor favorita é vermelho.
111.                     Adoro homem com barba.
112.                     Gosto de gente que fala olhando nos olhos.
113.                     Adoro andar de mãos dadas.
114.                     Gosto de ouvir música bem alta.
115.                     Gosto de terra.
116.                     Adoro cheiro de pão assando.
117.                     Gosto de ter a casa cheia de amigos.
118.                     Gosto de festa surpresa.
119.                     Tenho memória olfativa.
120.                     Gosto muito de dormir.
121.                     Não sei e nem quero aprender a mentir.
122.                     Odeio gente desonesta.
123.                     Adoro balançar na rede.
124.                     Plantei algumas árvores.
125.                     Ainda não escrevi nenhum livro.
(CM, 27 de Mar 2011, Outono)

Um pouco de mim...

Quem sou eu?!
Apenas mais uma pessoa banal, mas afinal quem não é banal neste planetinha? Uma mulher inteiramente igual a cem mil outras mulheres. E ao mesmo tempo, tão diferente, meu Deus! Adoro o sol e detesto os dias cinzentos. Pois, esses costumam me deixar melancólica! Gosto do cheiro da terra molhada, brigadeiro de colher e às vezes de banho de chuva. Sou muito amiga dos meus amigos e estou “tentando” não cultivar mais sentimentos negativos em relação a ninguém. Contudo, esse é um dos exercícios mais difíceis que eu já pratiquei... Amo MUITO meu pai, minha madrinha, minhas afilhadas e meu avô. Acho que nenhum homem tem mais direito à vida na Terra do que qualquer outro animal. E por esse motivo, sou VEGETARIANA. Odeio arrogância, desonestidade/mentira, hipocrisia, preconceito e, sobretudo, solidão. Sou muito chata e tenho consciência disso, porém procuro respeitar ao máximo as outras pessoas... Entretanto, nem sempre consigo. Então, quase nunca tenho nenhum problema em pedir desculpas. Adoro abraço, banho de cachoeira, cozinhar, noite de lua cheia, andar sem rumo, a casa cheia de amigos, dormir de conchinha e sorvetes de passas ao rum e de pistache. Gosto imensamente de cheiro de pão assando, de olhar para o céu estrelado, de andar de mãos dadas, de ficar balançando na rede, do mar e de passar a madrugada toda jogando conversa fora. Choro com livros, filmes, músicas e lembranças. Rio sem motivo e infelizmente ainda não sei dançar. Não faço tipo, sou míope e tímida de verdade. Apesar disso, quase sempre, acabo falando demais! Vezenquando, torno-me mais antissocial do que o de costume e preciso ficar sozinha por algum tempo... Por isso, sei que não é fácil me conhecer e muito menos conviver comigo. No entanto, sou incrivelmente privilegiada e tenho AMIGOS MARAVILHOSOS. Assim sendo, acredito piamente no que escreveu Antoine de Saint-Exupéry: “A gente só conhece bem as coisas que cativou”, ou seja, o problema não é conhecer, mas criar laços... (CM, 2010)

O que eu não entendo!

Os meus vizinhos são-paulinos estão em um estado de felicidade descomunal! Praticamente em êxtase ou catarse! Eu, ingenuamente, até pensei que a fome havia sido erradicada do planeta ou que a paz mundia finalmente houvesse chegado. Mas, não é nada disso. Foi só o São Paulo que, sei lá depois de quantos anos, finalmente conseguiu ganhar um jogo do Corinthians! Aí, eu fico pensando, aqui com os botões do teclado do meu PC, como é estranha a relação sociol-cultural entre brasileiros e futebol. Logo eu, uma corinthiana que foi uma única vez a um estádio e que atualmente não sabe o nome nem do técnico de seu time do coração, uma vez que está sempre atenta a assuntos aparentemente mais urgentes do que 22 homens (são 22, não é mesmo?!) se degladiando por conta de uma pelota...                                                                                                                    
Não quero menosprezar o esporte número um do país, motivo de orgulho da massa, essa mesma massa que na sua maioria adora gritar aos quatro cantos que não gosta de política, mas planeja fazer manifestações contra a contratação de jogadores pelo seu time ou que não é capaz de se unir e tentar resolver os problemas de sua comunidade, todavia estão todos de braços dados para derrubar o presidente do clube.            
O que eu não entendo é tamanho impenho em relação ao futebol e tanta abstração, quando o assunto é o mundo real? Sim, senhoras e senhores! O mundo real vai muito além dos 90 minutos sobre o gramado ao som dos cantos e ofensas de duas torcidas. Ou melhor, dos cantos e ofensas dos membros dessas que tiveram dinheiro para comprar os ingressos cada vez mais caros para assistir aos jogos, além de se exporem a possíveis manifestações de violência dos torcedores do time adversário. Já que o Estado não consegue garantir a nossa segurança! Fora isso, ainda tem a verdadeira máfia que está se estabelecendo em relação à transmissão dos jogos para a TV. Ou todo mundo acha aceitável o horário dos jogos das noites de quarta-feira - dia útil - ou seja, quase todo mundo trabalha normalmente no dia seguinte, ficarem sujeitos ao horário de termino de um reality show?                                                                                              
Quantos século já se passaram após a queda do Império Romano e a política panis et circenses continua sendo usada de maneira aterradora? E o pior é que ninguém parece perceber. Por favor, não entendam essa crítica como coisa de quem estava torcendo pelo time que perdeu! Muito pelo contrário, o que realmente me incomoda nessa história toda não é escutar as manifestações de alegria dos meus vizinhos pela vitória do São Paulo ou todas as condecorações de heroísmo ao golero do clube (atleta que eu em particular não simpatizo nem um pouco), mas essa mania que grande parte de nós parece carregar desde o ventre materno de só nos unirmos por coisas pequenas e nos contemtarmos com menos do que o estritamente necessário para tentarmos sobreviver, pelo menos por mais uma semana e assim, podermos assisitir ao próximo jogo.                   
Quanto ao futebol e principalmente ao clássico de hoje, eu poderia lembrar aqui da história da chamada “Democracia Corinthiana” (uma das minhas favoritas), movimento liderado por Sócrates - não o filósofo, mas o médico - e Walter Casagrande JR em meados dos anos 80, em plena ditadura militar no Brasil, no entanto essa vai ficar para outro dia; por enquanto vamos ficar com as ilusórias manifestações são-paulinas de alegria nesse fim de domigo, uma vez que daqui a pouco já é segunda-feira e o mundo real bate a porta... (CM, 27 de Mar 2011, Outono)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Mulher moderna, mas nem tanto.

            Sabe aquelas madrugadas insones em que você fica sentada em frente ao computador rezando para encontrar algo relevante para ler e que prenda a sua atenção até o corpo não aguentar mais e você finalmente conseguir dormir, ou uma velha amiga on-line para poder desabafar todas as idiossincrasias que esse mundo moderno repleto de gente superficial, ocupada demais, medrosa, escapista e carente, mas aparentemente senhora da situação te empurra goela a baixo todos os dias? E nem uma coisa e nem outra acontecem?                                                                                                                   
             Então, você está tão de saco-cheio, com tanta vontade de gritar, chorar e espernear por todas as mazelas do nosso país, por todas as possibilidades de melhoria de vida que você mesma deixou escapar por entre os dedos e por todas as coisas que você não teve coragem de fazer ou dizer na hora certa e que agora não significam mais nada para ninguém; ou mesmo por momentos de intensa fragilidade em que você sucumbiu à extrema urgência em verbalizar o intraduzível de si mesma e simplesmente falou. Falou para todo mundo o que queria ou quem queria, ou o que pensava e, na pior das hipóteses, o que sentia. E hoje você tem a total certeza de que deveria ter calado tudo aquilo para todo o sempre. E não dá para voltar atrás e não adianta, nem mesmo pedir desculpas... Pois, a merda já está mais do que feita. E você tem todos os sintomas de alguém que vai ter um ataque cardíaco cada vez que pensa sobre o assunto.                                 
              Não sei por qual motivo, estou eu em frente ao meu computador as 02h42min. de uma segunda-feira, dia que comecei a amar há duas semanas (já que agora não trabalho e nem estudo às segundas), pensando nessas coisa todas. Talvez esteja entrando em uma nova crise, mas uma crise diferente das anteriores e muito mais produtiva, também, ou talvez esteja apenas tentando bancar a balzaquiana consciente e tal.                                
            Sou uma mulher de 33 anos (completarei 34 anos em abril próximo), que começa a trilhar a área profissional a qual vem se preparando há cinco anos. Tenho boa saúde, um pai que é sem sombra de dúvidas o melhor ser humano que eu já conheci na vida (pelo menos nessa vida...), muitos amigos, possibilidades, convicções e acima de tudo incertezas. Muitas incertezas, todas as incertezas possíveis ou não. Adora essa palavra, quando você acha que não sabe patavinas de nada você diz que está incerto sobre determinado assunto! E todo mundo te olha com aquele ar de respeito e consideração, pelo menos por algum tempo, é lógico!
Bem, agora, algo dentro de mim está inquieto. Aliás, algo em mim está gritando desesperadamente, porém, só ouço o som fortuito e não consigo por mais que tente decodificar a mensagem. Ou seja, tem alguma coisa me enlouquecendo, me deixando mais surtada do que o habitual e não sei exatamente que porra é essa!
Provavelmente em nossa sociedade milhares de pessoas sintam-se assim, sem muitas vezes nem se darem conta disso. E as que percebem tomam comprimidos e esperam realmente que tudo passe e fique bem, já que hoje há remédios para quase tudo! Lembrando que nossos problemas pessoais e existenciais não devem de maneira alguma prejudicar a máquina da sociedade produtiva a qual fazemos parte, ou seja, o espetáculo em que somos meros coadjuvantes não pode parar!           
E apesar de todos os dissabores, que nos causam ânsia de vômito diariamente, precisamos continuar. Sermos fortes! Afinal de contas, não é isso que é ser adulto? Pois é, hoje eu quero me comportar feito uma criança de três ou quatro anos, do tipo que adora soltar aquelas pérolas que deixam muitos marmanjos totalmente desconcertado. É que esses pequenos exemplares da raça humana ainda não aprenderam a dissimular, falam somente a verdade e a verdade quando sai da boca desses serezinhos é simplesmente linda! Contudo, muitas vezes, quando nós adulto expressamos as tão temíveis verdades nos deparamos com situações como as já descritas acima e um arrependimento dilacerador.
Coisas como essas fogem ao meu entendimento. Claro que precisamos pensar antes de falar algumas coisas, principalmente no modo o qual falaremos. Mas, por pior que seja a verdade ainda é o melhor caminho. Eu sei que isso vai soar como moralismo barato ou pieguísmo crônica, foda-se! Não importa! Já que esse texto nada mais é do que o resto de lucidez que me sobrou em uma longa noite de insônia e desencanto... (CM, madrugada de 14 Mar 2011, Verão)

domingo, 13 de março de 2011

Procura-se um boteco de estimação...


Domingo de manhãzinha, mas não tão de manhãzinha assim é claro, como todos já estão carecas ou quase de saber é o dia universal da ressaca! E pensando nisso, comecei a lembrar de todos os botecos que por alguma misteriosa razão fizeram parte da minha, não tão longa, vida boêmia. Não me importando se foi por muito ou pouco tempo. E como já disse Cazuza, grande poeta e exímio conhecedor de botecos e afins “O banheiro é a igreja de todos os bêbados”. Bem, não precisa ser um gênio para entender de que banheiro ele estava falando. Ou seja, a relação entre o indivíduo e o boteco requer certa confiabilidade por parte do primeiro no segundo. E como recordar é viver... Tudo começou em um sábado à tarde, lá pelas 18h00, eu e alguns amigos, entre eles minha querida Sônia Cirrose, juntamos as moedas (Que não eram muitas...) e adentramos ao mundo dos degustadores de cerveja em uma padoca na Cidade Dutra, zona sul de São Paulo. O lugar era zoadinho, mas a cerveja estava gelada e nós com sede e calor. Todavia, o amor entre meu grupo de amigos e a padoquinha não passou de um encontro casual, o vulgo uma noite e nada mais.                                                                     
No sábado seguinte, feito bons adúlteros, trocamos a padaria pelo antigo lava-rápido do mesmo bairro. O bar não era tão sujo, apesar disso tinha um suco horrível, mas como boteco não é  lugar de beber suco, não é mesmo? Além disso, a cerveja era gelada e lá tinha um adicional e tanto: boa música! Sim! Ronaldo, que até ficou brother da turma, tocava clássicos (na nada humilde opinião dessa que vos escreve) como Marisa Monte e Djavam. E lá nós passávamos os nossos sábados, muitas vezes até de madrugada! Bebendo, cantando, bebendo, rindo, bebendo, amando, bebendo discutindo política, bebendo mais ainda e chorando. Sim! Pois, não existe lugar melhor em todo o universo para uma boa depressão, daquelas que aparece logo após você levar um pé da bunda, do que o seu boteco de confiança. Mas, como tudo que é bom acaba, um dia o lava-rápido fechou.                                                                                                                                
Nós então órfãos, que nos tornamos, após um tempo encontramos um novo lugar para chamar de nosso e curar assim nossas crises existenciais, o Karaokê do Alisson. O bar era meio limpo, não tinha suco, mas a cerveja era gelada (como sempre.). Além disso, valia a pena estar lá só para ver os frequentadores habituais e dançarinos quase talentosos que circulavam pelo ambiente. Todos vestidos à caráter como se fossem padrinhos de um casamento entre a viúva Porcina e o Clovis Bornay. Lá nós até nos sentíamos convidados da tal festa. Claro, que não passávamos de primos pobres em meio aos donos da festa. No entanto, adivinhem só? É, o Karaokê do Alisson, também, fechou.                                                          
Foi quando resolvemos deixar a Cidade Dutra e ir para o Parque Maria Fernandez, na Tuca Pizzaria além de uma pizza “regular” (acho essa uma das piores palavras da Língua Portuguesa), tinha sucos, porções dignas de serem consumidas e cerveja bem, muito, estupidamente gelada! Além disso, graças a Sônia Cirrose, lembram-se dela? Nós tínhamos conta no estabelecimento, ou seja, comíamos e bebíamos mesmo sem ter nenhuma moeda no bolso e pagávamos depois, bem depois mesmo! E a música ao vivo. Adooooooooro! Ah! Quantas vezes cantei, chorei e bebi mais ainda ao som do Buiu, que também virou brother da turma. Lá nasceram amizades e amores, que como a pizzaria, também, acabaram. Sim! Um belo dia o Buiu resolveu deixar a Tuca ou foi à Tuca que resolveu deixar o Buiu? Nunca entendi essa história direito. Eles até tentaram, mas ninguém podia ocupar o lugar do nosso brother naquela pizzaria e nós em parte por protesto e em parte por que só pizza não era o bastante para nos manter ali, deixamos o lugar, que acabou fechando tempos depois.                                                                      
Cansados, sedentos e já escolados em relação a botecos, nos refugiamos no Bar do tio Bigode. Lá, tinha muito refrigerante (o tio Bigode era um ambiente familiar ou tinha pretensões de sê-lo!), cerveja às vezes gelada, bebidas populares (algo entre maria-mole e bombeirinho, além da famosa farmácia!) e espetinhos, o conhecido churrasco de gato. E para ganhar os novos clientes e por já conhecer a Cirrose, sempre tão popular em estabelecimentos desse tipo, ele também nos concedeu uma conta. E lá nós ficávamos nos sábados e, também, nos domingos com aquele ar de quem finalmente tinha encontrado o seu espaço no mundo. E começamos até a acompanhar o conhecido grupo de samba do bairro “O comunidade do Samba”, com suas já populares oito saideiras ao final de cada show. No entanto, graças a uma cabelereira oxigenada e mal amada, o tio Bigode acabou fechando o nosso já querido boteco e antes disso  “O comunidade do Samba” também acabou. O pior é que a turma foi pelo mesmo caminho, ou seja, eu fiquei sem boteco e sem amigo!                                                                   
Assim, acabei voltando para a Cidade Dutra e com novos amigos tão carentes de boteco como os anteriores eis que encontramos o Barbaridade, um bar meio limpo, meio sujo, mas bacaninha! Com boa música, boas porções e cerveja gelaaaaaaaaada. Lá, nós figurinhas carimbadas do estabelecimento fizemos grandes evoluções no mundo pré AA. Foram muitos porres, algumas vezes a confiabilidade chegou ao ápice, lembram-se da música do Cazuza? Além das bitoquinhas, cada vez menos bitoquinhas... As noitadas começaram a se estender seguindo um trajeto determinado: primeiro o balcão de bebidas do Extra-hipermercados e depois a casa de alguém do grupo. Contudo, um belo dia transformaram o nosso boteco em um Snooker Bar! Foi o fim do Barbaridade!                   
Por isso, apesar de cansados nessa luta vã e inglória, voltamos a procura de um novo boteco de estimação. Primeiro paramos no 'Cortiços Bar', também na Cidade Dutra, propriedade dos mesmos donos do Barbaridade. Mas, não passava de uma cópia mal feita do nosso antigo boteco, só um pouco mais sujo é claro. Cerveja morna (apesar de eu não ter bebido cerveja lá), suco com gosto de barro, péssima acústica e serviço. Ah, mas as porções até que eram boas, porém estávamos quase todos de dieta.                              
E por falar nos caminhos tortuosos de nossa "luta vã e inglória", acabamos parando no Boteco do Frei. Um bar grande e aparentemente limpo (unca acreditei em botecos limpos para dizer a verdade...), música audível (boas escolhas, mas interpretações regulares. Afinal, nós somos exigentes!), cerveja gelado, pelo menos é o que dizem e porções mixurucas (mas, lembrem-se estamos quase todos de dieta...).      
Não sei ainda quanto tempo irá durar essa relação: eu, meus amigos e o novo boteco. Aliás, prefiro não fazer nenhum tipo de prognóstico quanto a isso. Mas, como já disse o meu poeta favorito, exímio frequentador, apreciador, admirador e acima de tudo devoto de botecos “Que seja infinito enquanto dure!"          
PS: Os nomes de algumas pessoas (Aquelas que continuam vivas, pelo menos assim eu acho) e dos estabelecimentos que continuam abertos, pelo menos assim estavam até o último sábado, foram alterados para preservar a identidade dos mesmos (?!) e evitar assim algum tipo de processo judicial ou represália a essa que vos escreve, ou seja, "euzinha" aqui! (CM, 14 Mar. 2011, Verão)