sábado, 1 de outubro de 2011

MURAR O MEDO (Texto completo)


O medo foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demónios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardarem, servindo como agentes da segurança privada das almas. Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinavam a recear os desconhecidos. Na realidade, a maior parte da violência contra as crianças sempre foi praticada não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambientes que reconhecemos. Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura, do meu território.
O medo foi, afinal, o mestre que mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa natal, uma invisível mão roubava-me a coragem de viver e a audácia de ser eu mesmo. No horizonte vislumbravam-se mais muros do que estradas. Nessa altura, algo me sugeria o seguinte: que há neste mundo mais medo de coisas más do que coisas más propriamente ditas.
No Moçambique colonial em que nasci e cresci, a narrativa do medo tinha um invejável casting internacional: os chineses que comiam crianças, os chamados terroristas que lutavam pela independência do país, e um ateu barbudo com um nome alemão. Esses fantasmas tiveram o fim de todos os fantasmas: morreram quando morreu o medo. Os chineses abriram restaurantes junto à nossa porta, os ditos terroristas são governantes respeitáveis e Karl Marx, o ateu barbudo, é um simpático avô que não deixou descendência.
O preço dessa narrativa de terror foi, no entanto, trágico para o continente africano. Em nome da luta contra o comunismo cometeram-se as mais indizíveis barbaridades. Em nome da segurança mundial foram colocados e conservados no Poder alguns dos ditadores mais sanguinários de que há memória. A mais grave herança dessa longa intervenção externa é a facilidade com que as elites africanas continuam a culpar os outros pelos seus próprios fracassos.
A Guerra-Fria esfriou mas o maniqueísmo que a sustinha não desarmou, inventando rapidamente outras geografias do medo, a Oriente e a Ocidente. Para responder às novas entidades demoníacas não bastam os seculares meios de governação. Precisamos de investimento divino, precisamos de intervenção de poderes que estão para além da força humana. O que era ideologia passou a ser crença, o que era política tornou-se religião, o que era religião passou a ser estratégia de poder.
Para fabricar armas é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos é imperioso sustentar fantasmas. A manutenção desse alvoroço requer um dispendioso aparato e um batalhão de especialistas que, em segredo, tomam decisões em nosso nome. Eis o que nos dizem: para superarmos as ameaças domésticas precisamos de mais polícia, mais prisões, mais segurança privada e menos privacidade. Para enfrentar as ameaças globais precisamos de mais exércitos, mais serviços secretos e a suspensão temporária da nossa cidadania. Todos sabemos que o caminho verdadeiro tem que ser outro. Todos sabemos que esse outro caminho começaria pelo desejo de conhecermos melhor esses que, de um e do outro lado, aprendemos a chamar de “eles”.
Aos adversários políticos e militares, juntam-se agora o clima, a demografia e as epidemias. O sentimento que se criou é o seguinte: a realidade é perigosa, a natureza é traiçoeira e a humanidade é imprevisível. Vivemos – como cidadãos e como espécie – em permanente limiar de emergência. Como em qualquer estado de sítio, as liberdades individuais devem ser contidas, a privacidade pode ser invadida e a racionalidade deve ser suspensa.
Todas estas restrições servem para que não sejam feitas perguntas incomodas como estas: porque motivo a crise financeira não atingiu a indústria de armamento? Porque motivo se gastou, apenas o ano passado, um trilião e meio de dólares com armamento militar? Porque razão os que hoje tentam proteger os civis na Líbia são exatamente os que mais armas venderam ao regime do coronel Kadaffi? Porque motivo se realizam mais seminários sobre segurança do que sobre justiça?
Se queremos resolver (e não apenas discutir) a segurança mundial – teremos que enfrentar ameaças bem reais e urgentes. Há uma arma de destruição massiva que está sendo usada todos os dias, em todo o mundo, sem que sejam precisos pretextos de guerra. Essa arma chama-se fome. Em pleno século 21, um em cada seis seres humanos passa fome. O custo para superar a fome mundial seria uma fracção pequena do que se gasta em armamento. A fome será, sem dúvida, a maior causa de insegurança do nosso tempo. Num planeta que imaginamos como uma única aldeia, a realidade mais globalizada é a miséria.
O preço dessa narrativa de terror foi, no entanto, trágico para o continente africano. Em nome da luta contra o comunismo cometeram-se as mais indizíveis barbaridades. Em nome da segurança mundial foram colocados e conservados no Poder alguns dos ditadores mais sanguinários de que há memória. A mais grave herança dessa longa intervenção externa é a facilidade com que as elites africanas continuam a culpar os outros pelos seus próprios fracassos.
Mencionarei ainda outra silenciada violência: em todo o mundo, uma em cada três mulheres foi ou será vítima de violência física ou sexual durante o seu tempo de vida. Não há aqui nenhum laivo de feminismo, nenhum paternalismo dos que dizem cuidar dos chamados grupos vulneráveis. A verdade é que sobre metade das pessoas que estão nesta sala pesa uma condenação antecipada pelo simples facto de serem mulheres.
A nossa indignação, porém, é bem menor que o medo. Sem darmos conta, fomos convertidos em soldados de um exército sem nome, e como militares sem farda deixamos de questionar. Deixamos de fazer perguntas e de discutir razões. As questões de ética são esquecidas porque está provada a barbaridade dos outros. E porque estamos em guerra, não temos que fazer prova de coerência nem de legalidade.
É sintomático que a única construção humana que pode ser vista do espaço seja uma muralha. A chamada Grande Muralha foi erguida para proteger a China das guerras e das invasões. A Muralha não evitou conflitos nem parou os invasores. Possivelmente, morreram mais chineses construindo a Muralha do que vítimas das invasões do Norte. Diz-se que alguns dos trabalhadores que morreram foram emparedados na sua própria construção. Esses corpos convertidos em muro e pedra são uma metáfora de quanto o medo nos pode aprisionar.
Há muros que separam nações, há muros que dividem pobres e ricos. Mas não há hoje muro que separe os que têm medo dos que não têm medo. Sob as mesmas nuvens cinzentas aprendemos a reduzir os sonhos e esperanças para um tamanho aceitável. Acerca dessa histeria colectiva, Eduardo Galeano escreveu o seguinte:
Os que trabalham têm medo de perder o trabalho. Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho. Quem não têm medo da fome, têm medo da comida. Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras.
E, se calhar, acrescento agora eu, há quem tenha medo que o medo acabe.

(Mia Couto)

Um dia de sol e um copo d’água ou Divagações sobre o talvez...

Naquele momento, ela sentia uma necessidade quase plausível de fugir, partir para o mais longe que pudesse. Um lugar em que ele não pudesse encontrá-la novamente. Tudo entre eles estava muito bem! Amavam-se. Quase sempre se entendiam, também, eram amigos, amantes, parceiros e estavam juntos. Muito juntos, há alguns meses; o que alimentava algumas expectativas por parte dos mais próximos.
E era justamente aquela aura de perfeição que a enlouquecia, desestabilizava-a. Ele não era o seu primeiro ou segundo grande amor, nem tão pouco uma daquelas paixões avassaladoras, que mantinham sua garganta seca e seus olhos úmidos. Era sim um homem comum: trabalhava, estudava, lia jornal, gostava de futebol e de beber com os amigos em noites ermas. Esquecia fatos, nomes e datas que considerava irrelevantes, porém, eram fundamenteis para ela. Mas, fora isso, segurava firme em sua mão e, às vezes, com ternura e outras com desejo abraçava-a enredando-a em uma atmosfera de felicidade que beirava o divino.
O mais tortuoso era que a latente necessidade de fuga vinha acompanhada de outra mais visceral que era a da presença e a do afeto dele; com seu olhar por vezes perdidos e sua voz quase infantil. Ela precisava-o e, também, o queria longe. A única coisa a perceber-se é que longe ou perto: o queria.
Os dois não se conheciam há muito tempo, entretanto a calma que habitava nesse enlace era já muito e muito antiga. Dentro das despretensiosas conversas na estreita cama cercada por paredes brancas ou no banco de alguma das tantas conduções que precisavam pegar diariamente, entendiam-se com perfeição mesmo quando descordavam. E até mesmo em meio ao silêncio entrelaçavam-se. Tudo na mais perfeita ordem! Em uma calmaria outonal...
Talvez, fosse essa estranha e refinada sintonia que a perturbava tanto! Logo ela, tão acostumada ao conturbado: lágrimas e juras desfeitas. Via-se agora a navegar, segura, por um infinito mar de águas tranquilas a caminho de um por do sol muito dourado e isso a desesperava.
Fora isso, já havia percebido há algum tempo que dessa vez não podia controlar a situação e muito menos prever os acontecimentos vindouros. O que é que vem após o ‘felizes para sempre’?! Inquieta, indagava-se. Porém, não havia resposta alguma.
E por isso, o fim parecia ser mais fácil, já que a esse ela conhecia muito bem! Essa dor era sua conhecida, ao contrário da continuidade inusitada e, deste modo qualquer sofrimento era preferível e menos sofrível a aquela alegria, tão estranha a seus olhos.
Talvez, por isso tinha tanto medo de ficar com ele. Talvez, por isso tinha tanto medo de perdê-lo. E, talvez, por esses tantos medos o, então, inesperado veio chocar-se a estável rotina estabelecida. E de uma hora para outra o vento que soprava brandamente encheu-se de uma descomunal força de levante e começou a levar todas as dúvidas que habitavam o seu mundo para o mundo que dantes eles contemplavam tranquilos. Já não mais concordavam ou mesmo conseguiam dizer-se como antes. Agora, um distanciamento crescente nas proporções de um buraco negro primordial entre aqueles dois amantes, tão próximos, tão sólidos. Assim, as conversas vinham inundadas por silêncios e quase soluços e uma nova dor a qual nem mesmo a ela era familiar tornara-se sua nova companheira. Em vão, ela tentava recordar-se do momento exato em que tudo começara a mudar, não conseguia. Em vão, ela tentava encontrar um ponto de equilíbrio em meio aquele turbilhão que sua vida se tornara, não encontrava. Em vão, ela tentava reatar o que se quebrara, não sabia como.
Mais uma vez, sentia-se só e perdida, no entanto, dessa vez havia uma diferença peculiar que a estraçalhava sem que ao menos ela pudesse identifica-la.
Talvez, deve-se isolar-se. Talvez, deve-se procurá-lo e dizer tudo o que sentia. Mas, sabia que aquela força aninhada entre sua cabeça e sua garganta não romperia para fora de si, pois aquele emaranhado de pensamentos difusos e desconexos era seu demais para mostrar-se a quem é que fosse. Assim, ela ia aos poucos compreendendo o quão inútil era debater-se. Tinha a nítida sensação de estar afogando-se e sabia que ninguém poderia salvá-la.
Não havia respostas para tantas perguntas em nenhum dos tantos livros que lera ou mesmo nos filmes ou músicas os quais tanto amava. Apenas mais e mais perguntas surgiam em sua cabeça, então, era apenas isso...?! A paz antes tão assustadora fora suspensa e em meio a uma nova guerra ela capitularia e como o Minotauro de Borges simplesmente aceitaria o seu destino.

(CM, quase Primavera em 2011)

Amanhecendo ou fim de agosto

Ela já estava ficando irritada! Faziam mais de cinco minutos que tentava abrir a porta sem sucesso algum. Do outro lado do quarto, ele ressonava. Havia parado de roncar, como fizera a noite toda, mas com toda a certeza ainda dormia. Enquanto ela mexia nervosamente a chave girando-a de um lado para outro. O movimento foi ganhando força até que a tramela da porta soltou-se e caiu no chão. Nessa hora, ouviu-se o barulho do metal batendo agudo no piso e ele automaticamente começou a repetir em uma voz quase inteligível: “para a direita!”, “vira a chave para a direita e gira, também, a tramela!”                                                                                                                                 
Ela suspirou fundo e num fio de voz, que não conseguia esconder sua irritação, disse: “eu não consigo...” Ele meio que contrariado, levantou-se da cama com um salto, foi até a porta e com um movimento simples abriu-a, balbuciando um “bom dia!” insólito, o qual ela nem se deu o trabalho  de responder.                                                                      
E como quem acabara de acordar de um sonho ruim, saiu caminhando apressadamente para a rua. Não sabia exatamente o porquê, mas precisava do sol e de tudo mais que formava o mundo lá fora como nunca precisara antes. A noite havia sido toda ela uma promessa interrompida. No sábado, quando chegara ali, ela realmente acreditava que tudo que eles necessitavam era um do outro e de tempo para estarem juntos.                                                                                                                       
Mesmo sendo tão diferentes, os dois se amavam. E isso era o mais importante! No entanto, o que se deu depois mostrou o quanto ela estava enganada.                                      
Ainda o amava e apesar de tudo, sentia-se correspondida. O amor ou o desamor não era o problema entre eles e sim as formas tão desencontradas de amor. Sim, eles realmente eram muito diferentes e amavam-se de formas imensamente distintas. O que não significava amar demais ou amar de menos, mas apenas amar de maneira própria.                      
No início, talvez pelo encantamento natural que o amor causa nos seres humanos ou talvez por mera distração, quem sabe, nenhum dos dois deu-se conta disso. A única coisa que perceberam-se é que eram humanos e que sorriam mais quando estavam um ao lado do outro ou que no meio da tarde quando o sol começava a recolher-se lembravam-se mutualmente e ainda que encontravam-se em letras de músicas ou trechos de velhos poemas.                                                                                                           
Porém, pouco a pouco foram intimizando-se. E começou a acontecer o que sempre acontece com seres distintos que apesar de suas inúmeras diferenças ousam amarem-se. Então, longas conversas a respeito de desapontamentos, frustrações e mágoas profundas tomaram o lugar dos risos, dos pores do sol e da poesia.                                  
Agora, agiam como pássaros com as asas cortadas que apesar de quererem voar não mais conseguiam... E mesmo se pudessem voar para onde iriam? Por mais atraente que o céu apresentava-se, existia algo ali que competia com todo o azul infinito e misterioso. E por isso, não conseguiam soltar-se, entretanto ainda precisavam de mais do que aquilo que um podia dar ao outro.                                                                                  
Fora isso, havia a sensação de estarem permanentemente em crise. Submersos em uma espécie de substância espessa e lodosa que possuía vida própria e por mais que tentassem não conseguiam desvencilhar-se desse estranho pântano.                                     
 Tudo agora era um céu muito escuro de uma noite sem luar ou ao menos alguma estrela distante apontando o caminho. Já era quase inicio de setembro e aos poucos todo amor ia escapando e esvaindo-se no ar de forma brutal e desesperada. E, talvez, por todo o desespero que os inundava já não conseguiam vislumbrar mais por quanto tempo ainda seriam eles dois.
(CM, ainda é Invernos em 2011)

O escritor, moçambicano, Mia Couto nas Conferências do Estoril 2011: Murar o medo.

sábado, 20 de agosto de 2011

Mais de 100 coisas sobre mim (Lembrete)

Preciso alterar o item 39 da lista.
Infelizmente os itens 52 e 61continuam mais atuais do que nuncam.
(C.M. 20 Ago 2011 ainda é inverno)

Definitivamente...

Definitivamente, os relacionamentos deveriam começar pelo fim. Então, seriam lágrimas, mágoas e palavras abruptas, mas logo viriam as longas e decisivas conversas e as inatingíveis promessas de mudança após mais uma discussão. Depois, a primeira grande crise por ciúmes ou insegurança sabe-se lá, até o comecinho do namoro. Ai sim haveriam momentos doces e ternos, cheio daquele companheirismo tão raro após o tempo passado, mãos dadas, o primeiro “eu te amo” e, então, viria o momento da conquista, ou seja, o momento pré-romance - cheio de esperas e sonhos que se seguiriam até que todo o amor desaparecesse, por fim como uma ideia nunca antes nascida. Definitivamente, os relacionamentos deveriam começar pelo fim! (C.M. 20 Ago 2011, mais inverno do que nunca...)

domingo, 15 de maio de 2011

Dores maiores (ou Pequenas epifanias sobre Thánatos)



 


Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio... (Caio F.)
Quando ela entrou na sala, logo após subir o último lance da escada estreita, sentiu o vago cheiro das lembranças se dissipando pelo ar. Não se lembrava ao certo de quando havia estado lá pela última vez, mas certamente tinha sido há muito tempo atrás ou talvez nunca houvesse entrado naquela sala antes. Não era o mofo ou o pó que lhe transportavam para um tempo já há muito esquecido e sim as três figuras esquálidas lá colocadas por alguma força estranha como em uma perversa brincadeira do destino. E agora eram quatro mulheres perdidas entre lágrimas em um estranho monólogo. Sentia-se em um palco em que a plateia estivesse vazia.                                                                              
A mulher mais velha possuía o tom grave das sacerdotisas africanas e tantas linhas no rosto, entristecido por anos e anos de verdadeiras misérias e falsas alegrias, que além de compaixão também despertava a curiosidade da mais nova. Essa, ainda encarava a vida como um emaranhado de caminhos confusos e possibilidades nem sempre felizes, tentava enxugar as lágrimas da outra sem se ater, pelo menos naquele momento, a suas indóceis dores.                                                                                     
Havia mais duas outras mulheres na sala, ambas de meia idade, porém eram criaturas muito diferentes. A primeira estava quieta e fazia calmamente a sua refeição, para ela a vida se resumia em pequenas migalhas e sobras da vida alheia. Nada tinha de verdadeiramente seu e talvez por isso mesmo não cobrasse nada da vida, nem ao menos tinha necessidade de vivê-la. Já a outra, falava de maneira confusa e quase desesperada, tentando atrair o mínimo de atenção para sua vida solitária, por isso tentava enfeitar suas memórias com momentos inventados na intenção de atrair os olhares da moça mais jovem.                                                                                                                                                        
O assunto entre aquelas quatro filhas de Eva era a morte. Não apenas Thánatos simplesmente, mas o nunca mais, o fim derradeiro, perdas irreparáveis e tudo aquilo que destroem as aspirações a deuses dos homens e revelam a fragilidade e mediocridade humana. E quando nada mais pode ser feito e a aceitação, desumana por de mais, ainda não é possível à única coisa a fazer e tentar verbalizar o indizível, sem importa-se em ser escutado ou não. Assim, como em um grandioso sabá as quatro mulheres iam chorando suas dores, confessando seus crimes e perdoando-se mutualmente enquanto o cheiro das lembranças continuava impregnando no ar.                                                                   
Do lado de fora, a aparente normalidade imperava naquela pacata rua, em uma manhã de outono perdida dos calendários e ainda iluminada por migalhas de sol; um sol tão parco e frio como as esperanças desfeitas das quatro Ariadnes abandonadas em Naxos, entregues a sua própria sorte e incapazes de salvar-se. Elas nada podiam fazer naquele momento e sabiam bem disso, talvez por isso se contentassem apenas em falar. É claro que em poucos minutos o ritual seria desfeito e tudo o que aconteceu naquela sala seria varrido para debaixo do tapete da memória e aquelas lembranças assim como, a vontade de gritar compartilhada pelas quatro sacerdotisas, seria extirpada pelo tempo e elas voltariam a aparente normalidade mascarada e a verdadeira dor. (C.M, 15 Maio 2011. Incrível, mas ainda é Outono!)

 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Gente de verdade à procura de gente disponível de verdade

“Preciso sim, preciso tanto de alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis.”
 (Caio F.)

Depois de um fim de semana simplesmente maravilhoso! Daqueles que fazem você ter a certeza de que realmente à vida vale a pena e, como adoram repetir os poetas, é bonita! Me peguei pensando, se ainda existe espaço para a solidão em minha vida? Não essa solidão construtiva e providencial, que nos permite refletir sobre nossas próprias existências, colocar a casa em ordem ou, até mesmo, criar algo que nos dê a sensação de um passo a mais (e no meu caso me inspira a escrever). Mas, aquela solidão aterradora que incomoda o homem desde o princípio de tudo. Aliás, não só nos míseros humanos, mas deuses, semideuses e afins, pois até o Todo Poderoso resolveu nos criar por algum motivo, concordam comigo?! A resposta é não. Não existe mais espaço para lamúrias, esperas, ilusões/desilusões e lágrimas em pleno sábado à noite, só porque alguém no mundo decidiu que tem algo mais importante a fazer do que me fazer sorrir. Meu sorriso agora é total responsabilidade minha. E vou muito bem, obrigada!                               
Não dá para sujeitar o seu bom humor ou a falta do mesmo as ações de uma pessoa que não seja você própria. Claro, que às vezes bate o desespero e aquela enorme vontade de gritar: “por que é que tem que ser assim? Por que, heim?!” Mas, acreditem em quem já chegou a esse ponto, ninguém responde. O mundo não vai parar só porque você está sofrendo. E nem deveria ser diferente, ok? Sem querer ser mais chata do que o habitual, tem um monte de gente no planeta com problemas bem maiores do que um coração partido. Mais uma vez, acreditem em mim!                                                                               
Nesse caso, a única coisa a fazer e levantar a poeira e tentar dar a tal volta por cima, entretanto, antes disso pense um bocado sobre o que motivou a mal fadado momento em que você está atravessando agora. Ah! Já sei o que você está pensando: “esse é mais um texto auto-ajuda em meio a tantos outros postados na internet”. Primeiramente, preciso lembra-los que essa expressão “auto-ajuda” é uma das mais mal entendidas de nossa língua e, muito provavelmente, de outras também. Já que na verdade (pelo menos em grande parte desse, vamos dizer assim, gênero textual), o único a ser ajudado é o próprio autor, que é bastante vendido. Bastante lido. E, ainda por cima, ganha bastante dinheiro! Ou alguém ainda duvida disso?! Agora que já consegui esclarecer o primeiro equivoco, vamos ao segundo: “Não! Esse não é um texto de autoajuda e nem tem a menor pretensão de sê-lo, ok?!”; na verdade, eu só estou cansada de algumas coisas e principalmente de determinadas atitudes ou falta das mesmas que se multiplicam cada vez mais e mais em nossa sociedade dita pós-moderna. Sim, pois além daquelas pessoas que não querem se responsabilizar por sua própria felicidade, ou seja, tomar as rédeas de sua vida e ficam esperando a cavalaria chegar e resolver tudo no final (já digo de antemão que nenhuma cavalaria virá e não adianta ficar esperando) existem, também, aquelas que não resolvem os seus traumas, varrem todas as suas neuras para debaixo do tapete e um belo dia resolvem entrar na vida da gente, como inocentes e bem intencionados seres livres e disponíveis. Porém, um dia com a mesma rapidez em que adentraram em nossas histórias, começam a procurar a porta dos fundos para baterem em retirada, tentando nos transformas em pessoas tão traumatizadas e neuróticas quanto elas próprias.                                                                                            
Depois de refletir muito sobre situações como essa (pois, conheço bem o tipo, literalmente já vi esse filme mais de uma vez...), comecei a pensar o que fazer para não levar gato por lebre e passar por isso de novo. Assim, apenas três alternativas vieram a minha mente: a primeira é rezar e torcer, torcer e torcer para pelo menos uma vez na vida me dar bem! Mas, acho que não adianta muito, não é mesmo? – a segunda é fazer uma verdadeira investigação policial, com direito à junta médica e psicológica para analisar todo indivíduo que você conhecer, mesmo e principalmente aqueles que já chegam com algum tipo de referência. Entretanto, essa parece no mínimo complicada! E, por fim, não deixar mais ninguém entrar em minha vida e tomar a mesma medida do “eu-lírico” do Chico no lindo e triste “Samba do grande amor”, ou seja, mudar de calçada toda vez que pintar alguém interessante em seu caminho. Essa, com toda a certeza, é a mais segura das três. No entanto, não vale a pena, podem ter certeza disso.                                              
Então, o que fazer? A resposta mais sincera que eu consigo dar nesse momento é: “eu não sei”, definitivamente não existem fórmulas prontas ou atitudes verdadeiramente acertadas. Por isso, acho que deveríamos tentar uma campanha de utilidade pública, com duas regras básicas; a primeira seria - todo mundo deve ser informado e convencido de que é o único responsável por sua própria vida (e, principalmente, por sua felicidade) e tudo de bom e ruim que isso implica! E, a segunda regra - deveria ser totalmente proibido com pena prevista por lei e inafiançável (é claro!), alguém invadir nosso mundinho sem estar pronto para isso e com real intenção de permanecer nele, por muito e muito tempo... Chega de gente medrosa, insegura, perseguida por fantasmas do passado, do tipo que não quer ou não pode se entregar de verdade e viver uma relação madura, sincera, com direito a todas as delícias (que são muitas, pode crer!), mas também com toda a rotina, mau humor e discussões bobas ou importantes que implica uma relação a dois. Desculpem-me, mas gente assim deveria ficar em casa assistindo um filme lado B ou lendo um bom livro (sugiro os dois exemplares de D. Quixote) nos sábados à noite e não circulando em bares, festas, baladas, livrarias ou exposições, já que são extremante perigosas a nossa saúde emocional/mental, uma vez que esse tipo de coisa é realmente contagiosa e exige quarentena absoluta.                                                                                                                        
Assim, ou se está disponível de verdade ou fique na sua, mas sem tentar pirar de vez nossas cabeças ou reduzir a zero nossa já tão prejudicada auto-estima, com atitudes egoístas, infantis e estúpidas, conversas vazias, sorrisos esfíngicos e emoções pobres. Definitivamente, se é só isso que você tem para dar esquece, ok?! Pois, ninguém precisa de tão pouco para sorrir e rir das deficiências alheias vai contra os meus princípios. (C.M, 18 Abr 2011, lua cheia-Outono) 
                                                                  

domingo, 3 de abril de 2011

Uma moça e um rapaz (ou uma história de monstros e dragões)


Ela nem sabia há quanto tempo estava em um estado de gravidez existencial. Sim, estava es-pe-ran-do. Não outra vida, mas a volta de sua própria vida, sem ter muita certeza que isso fosse possível, e por isso encontrava-se estagnada. Passaram-se horas, dias, semanas e talvez até meses e ela a espera de um telefonema, ou um e-mail, ou de um SMS, que lhe devolvesse a alegria perdida e lhe arranca-se daquele estado de prostração.                                                                                                            
Mudara de cidade é bem verdade! Pois, pensara que novos ares poderiam ajuda-la. No entanto, de nada adiantou. Sabia que ali não iria encontra-lo no meio de uma caminhada; uma ida solitária ao cinema ou necessária a uma padaria ou ao supermercado. Há não ser se ele viesse a sua procura. Mas, isso ela sabia que não iria acontecer. Então, porquê não resolvia esquece-lo de vez?                                                             
 Nas poucas vezes que o encontrara após o fim derradeiro, fora tanto o silêncio em meio a olhares furtivos e tristes gargalhadas mudas e ocas, cigarros estragados, álcool e Rock-'n'-roll. Depois, as lágrimas escorrendo gordas e quentes, a maquiagem borrada e a vergonha por sua fraqueza ou pela falta de dignidade que tal sofrimento lhe impunha.                                                                                                                             
Assim corria o tempo, e em meio à espera esquálida, aos cafés fortes e frios, ao trabalho cansativo, aos cigarros - sempre com a presunçosa promessa de “eu vou parar! Ah! Eu vou...”, a fumaça dos automóveis e a luz das ruas, que não eram as ruas de sua cidade, mas as solitárias ruas do exílio. E nessa hora lembrava-se sempre de Caetano Veloso e começa a cantar baixinho: “I know they keep the way clear, I am lonely in London without fear. I'm wandering round and round, nowhere to go; ela que cada dia ficava mais magra, mais loira, mais ruiva, mais morena e cortava os cabelos e mudava a cor do esmalte ou de perfume e trocava os móveis de lugar, em uma tentativa meio infantil de libertar-se então, pois apesar de tudo adorava rituais e recomeços.            
E, assim, continuava a checar os e-mails, o celular e a secretária eletrônica sem se ater ao fato de que de repente ele não tinha mais o seu endereço eletrônico ou seus números; ou mesmo não quisesse ou tivesse nada para lhe dizer.                                                      
Tão ocupada estava a cuidar de um amor moribundo, que nem se dava conta dos telefonemas, mensagens e e-mails dos amigos e das tentativas meio gauchescas de flertes por parte de amigos de seus amigos e muitas vezes até de alguns estranhos. E quando alguém vinha lhe indagar, sobre o que ela achava desse ou daquele? Aquele que havia sido apresentado a ela naquela festa, aquela mesma festa que ela sentira-se obrigada a comparecer e passara a noite toda se controlando para não tomar todas, ficar louca e ir embora em um rompante, fugindo de todos e principalmente da dor que sentia  e que ninguém mais era capaz de compreender. Ou do novo vizinho, do segundo andar, que aparecera de repente para pedir o endereço da academia do bairro e era tão solicito e tão bonito também ou do jovem alemão, estudante de intercâmbio, a quem ela dava aulas de violão e confessara-lhe um dia que escrevia poesias, pois se sentia terrivelmente só naquela cidade, tão longe de casa.                                                                                                                      
E sempre respondia com toda a sinceridade e gentileza do mundo: “que não havia notado”; ou “que ele era muito jovem”; ou “muito tolo”; ou “muito velho”; ou “muito alto”; ou “muito baixo”; ou “gordo”; ou “magro por de mais”. Porém, o que ela repetia o tempo todo para si mesmo, era: “que não era ele” e aí estava todo o problema.                   
Até que em meio a todo o caos sentimental o qual se encontrava, nessa tênue fronteira entre uma gravidez existencial, um desamor quase patológico e um luto interminavelmente necessário; eles começaram a conversar. Não havia ninguém por perto, não existiam amigos em comum, mas livros, músicas e viagens; “reli esse livro há pouco tempo!”– “nossa, é minha música favorita!” – “não acredito que você esteve lá!” - “poxa! eru também me sinto assim...”.    Fora um mundo de coincidências, gostos parecidos e sorrisos tão naturais quanto descuidados; havia também as novidades: “não, eu não vi esse filme, só escutei falar...” – “de que música você está mesmo falando?”– “vou ler esse livro, que você comentou, e depois conto o que achei!”- “que banda é essa?”. assim, cada vez mais eles iam se AproxiiiiiiiiMANDO.                                                    
 Foi quando se deu conta pela primeira vez de que já era outono e ela nem havia visto passar as outras duas estações anteriores, percebeu também que não lembrava exatamente quando havia ocorrido a última grande crise de choro e que já não ficava mexendo o tempo todo no celular e agora mal consultava a secretária eletrônica e os e-mails. Entretanto, ainda lembrava-se muito bem que em uma outra cidade havia uma pessoa capaz de desestabiliza-la totalmente, é verdade! Mas ali, naquele lugar em que se encontrava, naquele momento em que as tardes ensolaradas eram cada vez mais raras e o vento costumava levar as folhas amareladas das árvores da praça central em uma dança tão enternecedora quanto esplêndida, as esperas poderiam ser outras... (C.M, 02 Abr 2011, Outono)           

quinta-feira, 31 de março de 2011

TPM literária...


Eu quero ir para Pasárgada, para o Asteroide B612, para a Terra do Nunca, para Tatipurun, para trás da Serra do Mim, para Macondo ou Jesusalém. Quero asas bem grandes mesmo que sejam como as de Ícaro, só não quero mais ficar aqui, como um velho marca páginas perdido para sempre dentro de um Dostoiévski inacabado... (C.M, 31 Mar 2011, Outono)

domingo, 27 de março de 2011

Mais de 100 coisas sobre mim

1.      Sou a filha mais velha de um casal que se amou muito durante 26 anos.
2.      Nasci em plena ditadura militar (em 1977).
3.      Tenho uma irmã que é professora de História.
4.      Nasci e sempre morei em São Paulo.
5.      Meu pai é a pessoa mais importante da minha vida.
6.      Minha mãe foi à pessoa mais forte que eu já conheci.
7.      Minha mãe faleceu em decorrência de um câncer.
8.      Sou espírita, mas mesmo assim tenho medo da morte.
9.      Sou vegetariana há mais de cinco anos.
10.  Apesar de falar pelos cotovelos sou incrivelmente tímida.
11.  Perdi as contas de quantas vezes já prestei vestibular na vida.
12.  Estudo Letras (Português/Espanhol).
13.  Quero ser especialista em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa e Literatura Angolana.
14.  Um dia eu vou conhecer Luanda.
15.  Sou professora por opção e por vocação.
16.  Fui alfabetizado por meu pai.
17.  Acredito na pedagogia Freiriana.
18.  Minha professora inesquecível chamava-se Nireuda e era professora de Artes.
19.  Não quero ser rica.
20.  Quero ter pelo menos dois filhos paridos e mais alguns adotivos.
21.  Tenho duas afilhadas, mas nunca fui católica.
22.  Adoro animais, principalmente gatos.
23.  Não mato insetos propositalmente.
24.  Detesto cigarro.
25.  Vezenquando gosto de tomar banho de chuva.
26.  Adoro dias de sol.
27.  Fico melancólica em dias cinzentos.
28.  Gosto de Rock e MPB.
29.  Não sei tocar nenhum instrumento.
30.  Não sei cantar ou dançar, mas adoro música.
31.  Não faria um aborto, mas não sei se sou totalmente contra.
32.  Sempre voto contra o PSDB.
33.  Tenho pelo menos três melhores amigas.
34.  Tenho um melhor amigo.
35.  Tenho muitos amigos gays.
36.  Tenho muitos amigos e amo todos eles.
37.  Amizade para mim é a coisa mais importante da vida.
38.  Sofro muito quando perco um amigo.
39.  Nunca me apaixonei por um amigo.
40.  Alguns amigos já se apaixonaram por mim.
41.  Já tive vários amores platônicos.
42.  Tenho medo de me apaixonar.
43.  Tenho medo de nunca mais amar ninguém.
44.  Sinceramente, prefiro levar um fora a dar um.
45.  Tenho pavor de solidão.
46.  Não sou triste, mas às vezes preciso ficar sozinha e chorar.
47.  Vezenquando preciso chorar no ombro de alguém.
48.  Quando preciso mesmo de colo eu acabo pedindo.
49.  Sou uma pessoa muito contraditória.
50.  Gosto de homens inteligentes.
51.  Gosto de homens que não sintam vergonha de se apaixonar.
52.  Sempre me apaixono por homens mais confusos do que eu.
53.  Até o ano passado (2011) eu só entrava no MSN off-line.
54.  Amo sorvete de passas ao rum e pistache.
55.  Adoro sonho de padaria.
56.  Adoro o café do meu pai.
57.  Gosto muito de pão com manteiga.
58.  Gosto de brigadeiro de colher.
59.  Já fiquei com um poeta argentino.
60.  Já escrevi cartas e e-mails que não foram enviados.
61.  Saudades é o pior sentimento do mundo.
62.   Fico vermelha quando estou com vergonha.
63.  Tremo sempre naturalmente.
64.  Gosto de dormir de conchinha.
65.  Adoro tomar banho de mar.
66.  Adoro tomar banho de cachoeira.
67.  A primeira praia que vi na vida foi a do Arrastão em São Sebastião.
68.  O primeiro livro que li chamava-se O ovo.
69.  Adoro ler, ler, ler, ler muito.
70.  Meu primeiro amor foi aos 09 anos e chamava-se Eduardo.
71.  Meu primeiro beijo (válido) foi aos 15 com um garoto do teatro.
72.  Minha banda favorita na verdade são quatro: Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii, Cordel do Fogo Encantado e Los Hermanos.
73.  Sou Corintiana.
74.  Quase não assisto TV.
75.  Passo muito tempo na internet.
76.  Tenho um diário.
77.  Consulto horóscopo.
78.  Sou taurina do primeiro decanato.
79.  Sabia ler tarô.
80.  Sou uma mulher de fases (uma mistura da lua com Picasso).
81.  Adoro abraço.
82.  Amo cinema.
83.  Gosto muito de arte, mas não tenho muito talento para esse tipo de coisa.
84.  Gosto de abraçar alguma coisa (como uma almofada ou um bicho de pelúcia) quando estou desabafando.
85.  Gosto de conversar por horas com amigos em botecos.
86.  Bebo.
87.  Gosto de personalidades caóticas como, Renato Russo, Cazuza, Caio Fernando Abreu e Ana Cristina Cesar.
88.  Já fiz teatro.
89.  Meus poetas favoritos são: Vinícius de Moraes, Ferreira Gullar, Mário Quintana,, Manuel Bandeira, João Cabral e Pablo Neruda.
90.  Meus prosadores favoritos são: Caio Fernando Abreu, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Ondjaki e Machado de Assis.
91.  Meu livro favorito é O menino maluquinho.
92.  Vou ter uma filha chamada Nina.
93.  Ainda vou ter um labrador chamado Sagarana.
94.  Gosto de cozinhar.
95.  Falo palavrões e gírias.
96.  Sempre acordo meu pai quando chego em casa a noite.
97.  Sempre digo “eu te amo” para o meu pai e para meus amigos.
98.  Dificilmente fico doente.
99.  Não tomo remédios.
100.                     Sou otimista.
101.                     As pessoas me acham uma pessoa forte.
102.                     As pessoas muitas vezes me contam seus segredos.
103.                     Eu tenho dificuldade em me abrir com os outros.
104.                      Gosto de queimar incenso.
105.                     Gosto de noite de lua cheia.
106.                     Gosto de olhar para o céu quando está estrelado.
107.                     Gosto de chorar no cinema.
108.                     Adoro caminhar sem rumo.
109.                     Gosto de listas.
110.                     Minha cor favorita é vermelho.
111.                     Adoro homem com barba.
112.                     Gosto de gente que fala olhando nos olhos.
113.                     Adoro andar de mãos dadas.
114.                     Gosto de ouvir música bem alta.
115.                     Gosto de terra.
116.                     Adoro cheiro de pão assando.
117.                     Gosto de ter a casa cheia de amigos.
118.                     Gosto de festa surpresa.
119.                     Tenho memória olfativa.
120.                     Gosto muito de dormir.
121.                     Não sei e nem quero aprender a mentir.
122.                     Odeio gente desonesta.
123.                     Adoro balançar na rede.
124.                     Plantei algumas árvores.
125.                     Ainda não escrevi nenhum livro.
(CM, 27 de Mar 2011, Outono)